Capa
A capa é a cobertura, normalmente de papel ou cartão, que compõe a parte externa do livro. Nos livros ilustrados, as capas podem variar entre diferentes tipos:
Capa dura — Estrutura rígida, feita de papelão duro revestido com papel, tecido, couro ou outros materiais. Costuma apresentar seixas (dobras junto à lombada) e folhas de guarda, garantindo maior resistência e acabamento refinado.
Capa flexível — Intermediária entre a capa dura e a capa mole, é impressa diretamente em papel de alta gramatura, sem o miolo de papelão, mas com acabamento similar ao da capa dura, incluindo seixas e guardas.
Capa mole — Estrutura menos rígida, geralmente feita em cartolina ou papel de alta gramatura, sem papelão, sendo mais leve e econômica, mas com menor durabilidade.
As capas funcionam como portas de entrada para as histórias, oferecendo diversas pistas sobre a narrativa por meio do título, da imagem e da composição gráfica. Em algumas obras, a ilustração da capa se prolonga até a quarta capa, criando uma continuidade visual que se transforma em elemento-surpresa a ser explorado pelas crianças a cada leitura. Esse recurso convida os pequenos leitores a levantar hipóteses e fazer inferências sobre a história, estimulando a imaginação e a construção de sentidos antes mesmo de iniciarem a leitura propriamente dita. (Amaral; Baptista; Sá, 2021, p. 26)
De um modo geral, traz o título do livro, o nome do autor e a marca da editora. Se houver ilustrações na obra, pode ou não constar o nome do ilustrador (LINS, 2003, p.57). x Ilustrador com autor.
as autoras abordam os vários aspectos visuais e verbais dos paratextos ─ título, capa e guarda ─ , ressaltando que quase nada foi escrito sobre eles e atentam para o fato de que nos livros ilustrados eles são ainda mais importantes do que nos romances, pois uma capa, por exemplo, já pode ser parte da narrativa em livro ilustrado. Ponderam também sobre o formato dos livros, cuja variação afeta a percepção do leitor sobre as imagens. (NIKOLAVEJA e SCOTT, 2011).
Na capa de Museu, o enquadramento em forma de moldura reforça a ideia de que o leitor está diante de um quadro exposto, antecipando a proposta do livro de explorar a relação entre arte, olhar e narrativa. A placa na parte inferior, com o título, funciona como cartela de identificação em uma galeria, deslocando o livro para o território das artes visuais.
Na quarta capa, esse recurso é retomado: as assinaturas dos autores Javier Sáez Castán e Manuel Marsol aparecem como se fossem a marca do artista no verso de uma tela. Uma etiqueta, traz a marca da editora, o código de barras e as informações de copyright, dialogando com o conceito de obra em exposição e borrando as fronteiras entre livro, objeto artístico e peça museográfica.
As capas do livro Ida e volta, de Juarez Machado, evidenciam o caráter cíclico da narrativa deste livro. O leitor é convidado a seguir os rastros de um personagem que aparece saindo do chuveiro na capa frontal. As pegadas se estendem da capa para o interior do livro, atravessando o miolo sem nunca revelar quem é o personagem. Apenas na quarta capa, finalmente o reencontramos, de volta ao chuveiro, atrás da cortina: exatamente onde tudo começou. É essa relação entre as capas que dá sentido e justifica o título da história. (Amaral; Baptista; Sá, 2021, p. 37)
