Texto x imagem
Linden (2011) analisa como texto e imagem interagem nos livros ilustrados, definindo quando um deles assume primazia – isto é, quando se torna a instância prioritária da narrativa, enquanto o outro desempenha função secundária.
Essa prioridade depende de fatores como a organização da página dupla, o design gráfico e o modo de narrar. Por exemplo, uma imagem em página inteira, posicionada acima do texto, tende a ser percebida primeiro, mas isso só se confirma quando se observa qual linguagem conduz realmente a história. Em muitos casos, porém, não há hierarquia clara: leitor e leitura transitam rapidamente entre texto e imagem, que funcionam de modo simultâneo.
Linden (2011) descreve seis funções possíveis para a instância secundária em relação à prioritária:
Repetição
A linguagem secundária apenas repete a mensagem da prioritária, gerando redundância. Essa repetição pode criar ritmo e preparar efeitos de contraste.

Da minha janela, de Otávio Júnior (texto), Vanina Starkoff (ilustração)
Seleção
Texto ou imagem destacam apenas parte da mensagem do outro, escolhendo elementos ou sentidos específicos.
Revelação
uma linguagem torna compreensível algo que a outra deixaria obscuro, revelando informações indispensáveis.
Completiva
Texto e imagem se completam, preenchendo lacunas e oferecendo dados que, isoladamente, ficariam incompletos.
Contraponto
Uma linguagem contradiz ou quebra as expectativas criadas pela outra; em geral, observa Linden, é a imagem que parece “dizer a verdade”.



Rosie's Walk, de Pat Hutchins. O Passeio de Rosinha, edição em português, Gian Calvi (Tradutor)
Amplificação
Uma linguagem expande o sentido da outra sem repeti-la nem contradizê-la, acrescentando detalhes ou interpretações. Assim, conforme Linden (2011), a leitura do livro ilustrado depende do vaivém entre texto e imagem, cuja combinação pode ir da simples redundância à construção conjunta de significados complexos.