Contraste
No design editorial, especialmente em livros ilustrados — onde o texto é frequentemente sobreposto a imagens, fundos coloridos ou áreas com texturas —, contraste refere-se à diferença visual entre a cor do texto e a cor do plano de fundo sobre o qual ele está inserido. Essa diferença deve ser suficientemente perceptível para garantir legibilidade, ou seja, a capacidade de o leitor reconhecer os caracteres com facilidade, mesmo em condições variadas de iluminação ou acuidade visual.
Em contextos editoriais impressos, como em livros ilustrados, o contraste continua sendo um fator determinante para a legibilidade tipográfica. De acordo com Lidwell (2010, p. 148), recomenda-se o uso de textos escuros sobre fundos claros, sendo ideal que o contraste ultrapasse 70%. Ainda que diferentes combinações cromáticas possam atender ao limite mínimo exigido, a escolha deve evitar fundos com padrões visuais ou texturas complexas, pois estes podem interferir negativamente na leitura.
O lobo voltou!, de Geoffroy de Pennart. O baixo contraste entre o nome do autor e o fundo ilustrado compromete a legibilidade, dificultando sua identificação imediata. Em contraponto, o título da obra — apresentado em preto sobre fundo branco — alcança um contraste quase máximo, favorecendo a leitura rápida e eficaz.
Além disso, o uso de textos invertidos (textos claros sobre fundos escuros), mesmo que com alto contraste, pode comprometer a legibilidade, especialmente em textos longos. Lidwell também alerta para a importância de considerar aspectos como fadiga visual e deficiências de percepção de cor, como o daltonismo, ao selecionar paletas cromáticas. Dessa forma, a escolha do contraste ideal deve ser cuidadosa, testando diferentes combinações, sobretudo quando se deseja romper com padrões visuais convencionais.
Observe que, na quarta capa do livro, o texto em preto sobre um fundo escuro compromete significativamente a legibilidade. A baixa razão de contraste entre o texto e o fundo dificulta a leitura, sobretudo em condições de luz não ideais. Em contrapartida, na capa frontal, onde o texto escuro aparece sobre um fundo mais claro, a leitura se torna visivelmente mais confortável e acessível.
Os critérios de acessibilidade estabelecidos pelas Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) também são aplicáveis à produção gráfica editorial, especialmente no que diz respeito à relação entre texto e plano de fundo. Um dos principais parâmetros utilizados para avaliar essa relação é a razão de contraste, que se baseia na comparação entre as luminâncias relativas de duas cores — normalmente, a do texto e a do fundo sobre o qual ele se insere.
A luminância relativa é um indicador essencial para determinar se há contraste suficiente entre o texto e seu fundo para garantir a legibilidade, inclusive em condições adversas de iluminação. Segundo as WCAG, a apresentação visual de textos e imagens que contenham texto deve respeitar uma razão de contraste mínima de 4,5:1, a fim de assegurar uma leitura acessível e confortável para o maior número possível de leitores.
Uma ferramenta útil para esse fim é o calculador de luminância relativa, disponível em:
https://www.topster.net/relative-luminance/