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Medianiz

As margens internas, também conhecidas como medianiz, são o espaço em branco localizado nas bordas internas mais próximas da encadernação do livro, tradicionalmente reservadas para evitar que o texto ultrapasse o limite da encadernação.

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O muro no meio do livro, de Jon Agee

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No livro "O Muro no Meio do Livro", de Jon Agee, essas margens internas ganham um propósito inovador: servem como palco para uma ilustração marcante que retrata o muro divisor que divide o livro ao meio. Nessa obra, o muro não é apenas uma barreira física, mas também uma poderosa representação simbólica da divisão e dos desafios que permeiam a narrativa. Cada lado do muro corresponde a uma metade do livro, criando uma metáfora visual envolvente que ecoa os temas explorados ao longo da história.

​Especificamente, é desafiador conceber a transposição dessa narrativa para o meio digital sem uma perda significativa na experiência do leitor/olhante. A uniformidade da tela e, dependendo do dispositivo, o tamanho reduzido da tela, podem comprometer a imersão e a apreciação da obra. Além disso, elementos como a sensação tátil do livro, a virada de páginas física e a capacidade de manuseio não podem ser replicados no ambiente digital, o que afeta a interação e o envolvimento emocional do leitor. A adaptação para o meio digital exige cuidado e consideração para assegurar que a essência da obra seja preservada e que a experiência do usuário seja enriquecedora e gratificante, mesmo em um formato diferente.

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Odilon Moraes (XXXX) discute o livro "Vizinho, vizinha", de Roger Mello, Graça Lima e Mariana Massarani, destacando sua abordagem inovadora que vai além das palavras e das ilustrações. Ele observa que essa obra realiza um jogo intrigante também com o próprio objeto físico do livro. Cada página apresenta um apartamento em um lado e outro apartamento no lado oposto, sugerindo que tudo está ocorrendo simultaneamente. Nesse contexto, as páginas direita e esquerda não representam uma progressão temporal linear, como é comum em muitos livros. Pelo contrário, elas representam dois espaços distintos que coexistem e interagem de maneira única.

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O livro brinca com a simultaneidade entre as páginas. Diferentemente do que é mais comum — quando o que acontece na página da esquerda antecede o que se passa na da direita —, aqui os eventos ocorrem ao mesmo tempo. Em um dos apartamentos retratados, o relógio marca 4h40; no outro, 20 para as 5. A justaposição dessas cenas reforça a ideia de que as ações acontecem paralelamente, em espaços diferentes, mas no mesmo instante.

Essa abordagem exemplifica uma exploração característica do livro ilustrado, onde a narrativa se desenrola não apenas através das palavras, mas também por meio das imagens e da estrutura física do livro. Ao desafiar as convenções tradicionais de narrativa linear, "Vizinho, vizinha" demonstra como o livro ilustrado pode oferecer uma experiência de leitura mais dinâmica e envolvente, convidando os leitores a explorar e interagir com o texto de novas maneiras.

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Em A Caçada, de Guilherme Karsten, o autor explora com humor e inventividade os recursos do livro como objeto gráfico e narrativo. Um exemplo marcante é quando uma avestruz, ao enfiar a cabeça no chão da página par (à esquerda), faz com que ela reapareça na página ímpar (à direita), como se a medianiz funcionasse como um portal entre dimensões. Essa solução visual brinca com a materialidade do livro e reforça o caráter lúdico da narrativa, convidando o leitor a participar ativamente da construção do sentido por meio da virada de página.

No livro Este livro comeu o meu cão!, de Richard Byrne, a medianiz funciona como um verdadeiro portal, por onde entram e saem cães, cartas e outros elementos da história.

© 2025 por FREITAS, F. A.; CORRÊA, G. R.

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