Formato
O formato de um livro é definido pela relação entre a largura e a altura da página, sendo tradicionalmente classificado em três categorias:
retrato, quando a altura é maior que a largura;
paisagem, quando a largura supera a altura;
quadrado, quando altura e largura possuem proporções semelhantes. Essa escolha não é meramente estética, mas envolve também critérios funcionais, editoriais e econômicos.
O muro no meio do livro, de Jon Agee


Como observa Haslam (2007, p. 30), “faz-se necessária uma consideração cuidadosa para que o formato projetado seja conveniente à leitura e ao manuseio, além de ser economicamente viável.” Ou seja, o formato influencia diretamente na experiência do leitor, mas também impacta nos processos de impressão, acabamento e distribuição.
Há diversas abordagens e sistemas utilizados historicamente para a definição do tamanho da página em um projeto editorial. Entre os mais notáveis, destacam-se a proporção áurea (ou série de Fibonacci), a escala cromática tipográfica de Bringhurst, o sistema modular de Le Corbusier, os chamados retângulos racionais e irracionais, além dos tamanhos de papel disponíveis no mercado, que muitas vezes determinam escolhas por razões de custo e otimização de recursos.
Dentre os principais padrões de papel utilizados na indústria gráfica, destacam-se o formato ISO e o formato BB. O formato ISO, equivalente ao retângulo métrico adotado pelo Inmetro e pelo DIN (Deutsches Institut für Normung), é baseado na série A — na qual a folha A0 possui exatamente 1m² (841 x 1189 mm). Essa folha, ao ser dobrada sucessivamente, mantém suas proporções originais em tamanhos A1, A2, A3, e assim por diante (HASLAM, 2007, p. 39). Já o formato BB, amplamente utilizado no Brasil, especialmente pela indústria gráfica nacional, adota como medida padrão a folha de 66 x 96 cm (LINS, 2003, p. 59).
Mais do que uma questão técnica, o formato pode ser compreendido como parte integrante do discurso do livro. Para Chartier (apud FARBIARZ et al., 2010), a forma do livro interfere tanto no sentido atribuído ao texto quanto no uso que o leitor fará da obra. Sob essa perspectiva, o designer editorial não atua apenas como um executor de soluções gráficas, mas como um agente formador de leitores. Por meio de um projeto gráfico coerente, sensível às demandas do público-alvo e alinhado aos objetivos da obra, o designer cumpre um papel social fundamental ao facilitar o acesso, a compreensão e o interesse pela leitura.

Encaramujado, de Raquel Matsushita (ilustração) e Vana Campos (texto). O projeto gráfico rompe com o formato convencional de abertura lateral e adota a leitura em eixo vertical, exigindo que o livro seja folheado de cima para baixo. Essa escolha impacta a narrativa visual, conduzindo o olhar do leitor em movimentos descendentes, em sintonia com o percurso sugerido pelas ilustrações e pelo texto.
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